domingo, 4 de julho de 2010

Chávez proíbe camelôs de vender alimentos

Enfrentando um escândalo em que, no último mês, foram descobertas mais de 120 mil toneladas de alimentos estragados importados pelo governo venezuelano, o presidente Hugo Chávez decretou uma nova medida para tentar conter a crise no setor - que pode prejudicar o desempenho dos governistas nas eleições legislativas de setembro.

O decreto proíbe a venda de alimentos pelos ambulantes, sob a alegação de que os produtos são comercializados nas ruas a preços diferentes dos fixados, contribuindo para aumentar a inflação. A medida irritou milhares de venezuelanos que dependem deste tipo de comércio para driblar o atual desabastecimento. O decreto é visto como mais uma tentativa de minimizar o chamado caso "Podreval", que tem chocado a opinião pública

- Os alimentos proibidos de estar na rua são os da cesta básica. Chávez diz que assim a inflação vai baixar. O que ocorre é o contrário: com menos ingredientes, preciso aumentar o preço do menu. Não sei como meu negócio vai sobreviver - reclama Roque Soto, dono de um restaurante japonês em Caracas.

Para o comerciante, assim como para a cientista política Elsa Cardoso, a nova proibição tem como objetivo esconder a "corrupção e o mau gerenciamento do caso dos alimentos podres". As milhares de toneladas vêm sendo encontradas em porões da PDVSA - a estatal de petróleo - que até a semana passada distribuía a comida à rede PDVAL de mercados populares criada por Chávez. Há alguns dias, o presidente transferiu o controle para a Vice-Presidência, o que foi interpretado como mea culpa.

Ontem, o deputado de oposição Ismael García pediu que o ministro das Minas e Energia, Rafael Ramírez, que também preside a PDVSA, seja convocado para se explicar e enfrente uma investigação criminal. Mas a presidente do Congresso e Chávez defenderam o ministro. A menos de três meses das eleições legislativas, Luis Vicente León, da Datanálisis, disse que sua empresa já prepara uma pesquisa de opinião sobre o caso.

- Levando em conta que o país enfrenta uma crise de abastecimento, que importa mais de 70% dos alimentos que consome e que 40% dos gastos mensais dos venezuelanos são com comida, as toneladas de alimentos podres devem ter um grande impacto político - acredita

Fonte: universo jurídico