quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Crise aumenta em até 25% a oferta de imóveis em leilão

A crise econômica brasileira fez crescer a oferta de imóveis em leilões. Leiloeiros oficiais registram aumento de até 25% no número de leilões este ano. Este tipo de transação pode gerar descontos de até 70% nos valores e é oportunidade para quem busca um imóvel para morar ou investir.
Leiloeiro oficial, Rudival Gomes Júnior afirma que a oferta tem tendência de subir ainda mais em 2016. "A questão é o efeito da crise. O índice de inadimplência aumentou e mais imóveis foram retomados. Por exemplo, a Caixa colocava, em média, 20 imóveis em leilão ao mês. No fim do ano, este número foi para 48, o maior leilão do ano", diz Gomes Júnior.
Há dois tipos de leilão, o judicial e o extrajudicial. O primeiro é decorrente de processos, sejam eles trabalhistas, fiscais, cobranças de condomínio ou resultados de falência. Nesses casos, o valor do imóvel e as despesas adicionais devem ser pagos à vista.
O segundo são imóveis postos em leilão por instituições financeiras, comumente feitos após falta de pagamento de financiamentos. Nesses casos, é possível financiar parte do valor e utilizar os recursos do FGTS. Os leilões são abertos ao público, divulgados amplamente por meio de editais, e podem ser realizados tanto presencialmente quanto online.
"Os principais pontos positivos na aquisição de imóvel em licitação pública é a possibilidade de comprá-lo por um valor bem abaixo do praticado pelo mercado e usufruir de condições diferenciadas no financiamento", afirma a gerente da filial de alienação da Caixa Econômica Federal em Salvador, Veralúcia Cedraz.
Apesar do aumento do número de imóveis disponíveis para leilão, a instabilidade econômica gerou também menor procura por parte dos compradores e investidores, segundo o leiloeiro oficial Arthur Nunes. "Estamos com um aumento expressivo de oferta e, em compensação, uma menor procura. É um bom momento porque os preços estão em baixa e a procura por imóveis também. Mais investidores estão conseguindo comprar mais barato", conta Nunes.
No momento de oportunidades, especialistas orientam que, antes de decidir pela compra do imóvel, o possível comprador conheça os prós e os contras de adquirir um imóvel nessa modalidade. Apesar dos descontos atrativos, que vão de 15% a 70%, nem sempre o preço do leilão é menor que o de mercado. Conhecer o condomínio e o preço dos imóveis do entorno e se certificar de que não há dívidas de IPTU e condomínio são precauções indicadas.
Um investidor considera que imóveis com descontos a partir de 15% já são ótimos negócios. Para ele, que já adquiriu três imóveis por meio de leilão, é aconselhável ir até o local conversar com o síndico do condomínio, mesmo para quem não quer morar. "O ideal é saber quem são as pessoas que ocupam o imóvel, se não há dívidas. Para vender, verificar o mercado do entorno. E para alugar, verificar com o porteiro a oferta de imóveis no prédio, se tem procura".
DICAS:
Conheça o banco - A instituição financeira é o que dará a garantia ao negócio e precisa ser confiável
Avaliações - Para saber se o preço vale a pena, faça avaliações, pesquise imóveis no entorno e converse com síndicos e porteiros. Na maioria das vezes não será possível visitar o imóvel e saber seu estado
Pesquise - Consulte o registro do imóvel para saber se há dívidas a pagar, como IPTU e condomínio. Entenda o edital. No edital do leilão estarão expostas as obrigações do comprador e do banco
Ocupação - Verifique se o imóvel está ocupado. Na maioria das vezes, a desocupação é de responsabilidade do novo comprador
Conheça custos de compra em leilão
Preço - Imóveis em leilão podem ter descontos de até 70%. Preços 15% menores já são considerados bons negócios
Custos - É preciso desembolsar 5% do valor total para a comissão do leiloeiro, no dia do leilão
Financiamento - Em leilões extrajudiciais o financiamento é permitido. Nesses casos, o comprador precisa ter o valor da entrada e fechar o financiamento em até 30 dias. Procure o banco antes para garantir o negócio
Leilão judicial - Nesses casos, não há possibilidade de financiamento. O valor arrematado deve ser pago à vista
Impostos - Como em qualquer outra negociação de imóvel, é preciso pagar o imposto de transmissão (ITIV), de 1% a 3% do total
Fonte: UOL