terça-feira, 13 de outubro de 2015

Vale a pena financiar imóvel após alta de juros e IOF? Consultores opinam

A notícia de que a Caixa aumentou o juros do financiamento habitacional foi um balde de água fria para quem pensa em comprar um imóvel. Para piorar o quadro, o governo dobrou a cobrança do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre todas as operações de crédito, encarecendo ainda mais o sonho da casa própria.
Apesar disso, consultores ouvidos ponderam que as taxas cobradas em um financiamento não devem determinar, sozinhas, a decisão de compra. A capacidade do consumidor de arcar com as prestações e o percentual de entrada que ele guardou para fechar o negócio pesam mais na conta, acredita o consultor financeiro Maurício Galhardo.
No caso da Caixa, pagará mais juros no financiamento de um imóvel quem possui renda acima de R$ 5,4 mil e não utiliza os recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) nesta operação.
Com a alta do IOF de 1,5% para 3% – válida apenas para imóveis comerciais, já que os residenciais são isentos –, quem contrair qualquer algum financiamento que tem incidência do imposto deve ficar mais atento ao Custo Efetivo Total (CET). Essa informação é obrigatória nos contratos de crédito e mostra não apenas os juros cobrados pelo banco, mas também os tributos e taxas adicionais.
BUSQUE MELHORES CONDIÇÕES AO FINANCIAR:
Pesquise o Custo Efetivo Total (CET) em diferentes bancos;
Se já é cliente do banco, negocie taxas melhores;
Veja se a entrada é suficiente para arcar com as prestações;
Avalie se vale a pena prolongar o prazo do financiamento;
Aproveite para ‘pechinchar’ descontos melhores na compra;
Feito o cálculo do CET, se a prestação mensal subir a ponto de comprometer a capacidade de pagamento, Galhardo defende ser mais seguro esperar de seis meses a um ano para juntar dinheiro antes de comprar o imóvel. "Você não perderá dinheiro neste período e os juros [da Caixa] não devem se elevar neste intervalo".
Há casos, contudo, em que não compensa adiar a compra da casa própria, mesmo que seja vantajoso deixar o dinheiro em uma aplicação para dar uma entrada maior, na opinião do consultor financeiro e especialista em investimentos do banco Ourinvest, Mauro Calil. "Quando há necessidade imediata de morar, recomendo que se compre logo, independentemente dos juros", diz.
Já aos que pretendem financiar apenas para investir ou como um segundo imóvel, o consultor recomenda cautela neste momento, uma vez que o custo maior do financiamento tende a comprometer mais o lucro.
A consultora financeira Suyen Miranda acredita que a saída para quem não pode esperar para comprar a casa própria é optar por um imóvel menor ou em localização menos privilegiada que o planejado inicialmente.
Uma simulação feita pelo instituto Dsop mostrou que a parcela de um imóvel financiado pelo Sistema Financeiro Habitacional (SFH) no valor de R$ 600 mil, em 360 meses, fica cerca de R$ 100 mais cara com o aumento de 0,25 ponto percentual dos juros para clientes da Caixa (de 8,75% para 9,0%).
Prolongar o prazo do financiamento só para fazer a parcela caber no bolso pode não ser a melhor saída para compensar as taxas mais altas, na opinião de Calil. “Quanto maior o prazo, mais se pagará de juros”, lembra.
Galhardo acredita que não se deve desperdiçar a oportunidade de um bom negócio só porque as taxas do financiamento subiram. "Se surgir o imóvel ideal e com bom preço, pode-se não ter a mesma sorte de encontrar algo parecido no futuro", diz.
Para o especialista Calil, há boas oportunidades para pechinchar um desconto na compra do imóvel quando os juros estão altos e o mercado dá sinais de desaquecimento. Segundo o índice FipeZap de janeiro, o preço médio dos imóveis subiu 6,7% em 2014, a menor alta anual da série histórica iniciada em 2010.
Consumidor deve negociar
Responsável por 70% da carteira do crédito habitacional no país, a Caixa é conhecida por cobrar os juros mais baixos do mercado imobiliário. Mas os consultores lembram que é possível obter condições mais vantajosas em outros bancos, especialmente quando o consumidor já é cliente.
A consultora Suyen recomenda não ter pressa para pesquisar as condições em diferentes bancos até chegar ao valor mais vantajoso. A taxa de juros que o banco determina não é, necessariamente, a que será fechada no contrato com o cliente, observa. “Quanto melhor o relacionamento com a instituição financeira, melhores serão as chances de negociar”.
Segundo o Banco Central, a taxa média de juros para o financiamento imobiliário nos bancos era de 9,23%, com dados de novembro de 2014, ante 8,84% no mesmo mês de 2013. Com o aumento dos juros da Caixa, essa média deve subir.
Com a portabilidade de crédito, regulamentada no ano passado, também é possível barganhar condições melhores com o banco onde já se fez o financiamento, na hipótese de as taxas ficarem mais vantajosas em outros bancos. Isso costuma acontecer quando a Selic está em ciclo de queda.
No último ano, o BC vem aumentando gradualmente os juros, que subiram 0,50 ponto percentual, de 11,75% para 12,25% ao ano.
Os principais bancos do país informaram que por enquanto as taxas permanecem inalteradas. As instituições destacam, entretanto, que monitoram constantemente o movimento do mercado e lembram que as taxas de crédito imobiliário costumam variar de acordo com o perfil e relacionamento do cliente com o banco.
Fonte: G1