O Comitê de Política Monetária (Copom) deve anunciar o oitavo corte consecutivo da Selic - a taxa
básica de juros, atualmente em 8,50% ao ano - como mais um incentivo
para reaquecer a economia. Levantamento feito pelo AE Projeções - da
Agência Estado - mostra que 79 das 81 instituições financeiras
consultadas acreditam que a taxa cairá 0,50 ponto, para 8% ao ano. Duas
casas apostam em um corte menor, de 0,25 ponto.
A Selic é a taxa de juros que remunera os títulos públicos federais e
é referência para os investimentos em renda fixa. Além disso, afeta o
custo do crédito para as empresas e os consumidores.
Mas o consenso sobre o corte de juros não prevalece em relação aos
próximos passos. Como o Brasil tem reagido de forma lenta aos diversos
incentivos lançados, algumas instituições financeiras já preveem que o
ciclo de redução da Selic - que para a maioria deve acabar em agosto -
pode ser esticado até outubro. "O crescimento moderado no País somado ao movimento de queda mais
pronunciado que o esperado da inflação doméstica deverá oferecer suporte
para o BC dar continuidade ao ciclo", diz o estrategista-chefe do Banco
WestLB, Luciano Rostagno, que tem a mesma expectativa da maioria dos
economistas.
Desde que o atual ciclo de redução começou em agosto do ano passado, a
taxa caiu 4 pontos e, agora, está no menor patamar da história: 8,5%.
Reação econômica
Mesmo assim, em tempos de forte crise na Europa e Estados Unidos, a
economia brasileira demora a reagir. Nem mesmo a verdadeira força-tarefa
instalada pela equipe econômica - com corte de impostos, mais crédito e
aumento de gastos públicos - parece fazer efeito e os prognósticos para
a economia são cada vez mais pessimistas.
Por isso, uma parte dos analistas já trabalha com a perspectiva de
que os cortes devem continuar até quase o fim de 2012. Das instituições
ouvidas pela Agência Estado, nove esperam juro de 7% no fim do ano. Na avaliação desse grupo, portanto, o juro deve cair 1,5 ponto nos
próximos meses - incluindo a decisão esperada para hoje à noite. "O
risco de crescimento baixo ainda está presente, e o BC provavelmente
reagirá. Esperamos agora que a taxa Selic caia a 7%", diz em relatório o
departamento de pesquisa econômica do Banco Itaú BBA.
A casa espera três cortes de 0,5 ponto nas reuniões de julho, agosto e
outubro. Antes, previa que o ciclo terminaria no próximo mês, com juro
em 7,5%.
Além da fraca atividade, o Itaú explica o juro mais baixo pelos
preços que seguem bem comportados, sem grandes ameaças. "Sem dúvida, o
IPCA menor do que o esperado em junho e uma economia global fraca
apontam para inflação menor à frente."
A reunião do Copom programada para hoje será a primeira com a
participação do novo diretor de assuntos especiais, Luiz Edson Feltrim.
Agora, o rumo do juro será decidido por oito votos - sete diretores e o
presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Em caso placar dividido,
Tombini tem o poder de desempatar.
Fonte: Estado de São Paulo